Apagão no Brasil: entenda o que aconteceu

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O apagão registrado na manhã de ontem (15), que atingiu quase todos os estados do país, foi encerrado e a energia foi restabelecida no início da tarde em todo o país. O governo acionou a Polícia Federal e a Abin para apurar as causas do problema.

Ocorrência no SIN às 8h31 e queda de energia

Ao todo, 25 estados mais o Distrito Federal foram atingidos pelo apagão. Apenas Roraima, que não é interligada ao SIN (Sistema Interligado Nacional), não foi afetada.

Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostraram uma queda abrupta na carga e geração de energia entre 8h30 e 8h44. O ONS é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no SIN.

Qual foi o problema

O SIN é o modelo de gerenciamento e transmissão de energia adotado no país. Como o Brasil tem regiões com climas diversos, o sistema é interligado para permitir trocas energéticas — cidades do Nordeste, por exemplo, podem receber energia do Sudeste no período de seca e vice-versa. Problemas pequenos são normalmente compensados de forma rápida pelo sistema.

Em casos de problemas mais graves, como hoje, essa conexão é uma desvantagem porque facilita a propagação de blecautes no sistema, num “efeito dominó”. Uma pane em determinada estação pode se espalhar rapidamente para as demais, afetando todo o território nacional. Por isso, quando uma ocorrência maior é registrada há um desligamento de outras regiões, para evitar que o problema se alastre até que suas causas sejam apuradas.

Esse desligamento de regiões ocorreu hoje. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) informou que a ocorrência no SIN provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, “com abertura das interligações entre essas regiões”. A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada (proposital) justamente para evitar a propagação do problema.

Quais foram os impactos do apagão?

Com a interrupção no fornecimento de energia, uma série de problemas foram registrados ao redor do país, tais como:

  • Problemas em linhas de metrô;
  • Interrupção no fornecimento de água de algumas cidades;
  • Semáforos apagados, que geraram caos no trânsito;
  • Escolas precisaram dispensar alunos mais cedo em algumas localizações;
  • Comércios tiveram prejuízos;
  • Suspensão de consultas em hospital.

Interrupção de 16 mil MW de carga

Essa quantia representa 25% da demanda de energia do Brasil para o horário, segundo o especialista. “Foi um problema bem significativo”, avaliou Lima. Até às 12h25 foram recompostos 55% da carga da região Norte e 81% da região Nordeste, 13.500 MW de carga, segundo o ONS.

Em março, a capacidade de produção no país ultrapassou a marca de 190 GW (ou 190 mil MW), de acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

O estado de Roraima não foi afetado porque é o único ainda desconectado do SIN. Atualmente, segundo informações do governo federal, os moradores de Boa Vista e de cidades próximas contam basicamente com usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa e uma pequena central hidrelétrica.

Governo criou ‘sala de situação’

Relatos de falta de energia iniciaram por volta das 8h30. A recomposição foi concluída nas regiões Sul e Sudeste e todas as capitais do Nordeste também já se encontram com o suprimento de energia normalizado, segundo o ONS.

O Ministério de Minas e Energia informou que “está trabalhando para que a carga seja plenamente restaurada o mais breve possível”, além de ter criado “uma sala de situação” para acompanhar o caso e determinou a apuração do incidente.

Quando foi o último apagão nacional?

O último apagão que afetou a maior parte das regiões do Brasil aconteceu em 2014, quando um curto-circuito em uma linha de transmissão deixou Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste sem energia. À época, ao menos 11 estados foram impactados.

Naquele ano, o ONS havia informado que a “perturbação no Sistema Interligado Nacional” ocorreu entre o município de Colinas (TO) e a região de Serra da Mesa (GO), provocando a interrupção do fornecimento de cerca de 5 mil MW (megawatts).

Esse, no entanto, não foi a maior interrupção de energia registrada no país. Em 2009, um apagão afetou 18 estados e algumas cidades do Paraguai, deixando quase 60 milhões de pessoas sem energia elétrica por seis horas.

Nesse caso, o motivo foi um curto-circuito que, provocado possivelmente por um raio, desligou três linhas de alta tensão que distribuíam a energia produzida na usina de Itaipu para as principais regiões do país. Como consequência, a hidrelétrica binacional foi desligada.

Brasil tem ‘sobra de energia’, e apagão foi motivado por ‘erro técnico’, diz Rui Costa

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (16) que o apagão que afetou 29 milhões de residências em 26 unidades da Federação na terça (15) foi resultado de “erro técnico, falha técnica” – e que o governo tem urgência para saber o que houve.

Ainda de acordo com Rui Costa, o Brasil tem “sobra de energia” atualmente e, por isso, o apagão não se assemelha a episódios anteriores já vividos pelo país.

“Não há razão para este apagão. A gente viveu alguns apagões no Brasil em períodos onde nós tínhamos crise de geração de energia, ou seja, reservatórios de água estavam em baixa. Você tinha mais demanda que oferta, o que levava ao colapso no sistema. Não é o caso nesse momento, nós estamos com sobra de energia. Os reservatórios estão todos cheios, nós temos um parque eólico e solar gerando muita energia. Então, não há razão nem de oferta nem de demanda. Foi erro técnico, falha técnica. Precisa identificar o que foi que aconteceu, e espero que o mais rápido possível nós consigamos dizer à sociedade”, disse o ministro.

As declarações foram dadas ao programa “Bom Dia Ministro”, realizado pela estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

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