A Fundação Hansen Bahia vai realizar no dia 10 de março as 19h, na Livraria Leitura do Shopping Salvador, o lançamento de dois livros sobre a religiosidade do Recôncavo baiano, de autoria do sociólogo, escritor e jornalista Gustavo Falcón. Editados pela Solisluna Design e publicados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, IPAC, e pela Secretaria Especial de Cultura com patrocínio da Lei Aldir Blanc, os livros “Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte” e “Nossa Senhora D´Ajuda” resgatam a trajetória dessas duas devoções marianas do Recôncavo reconstituindo a história, a tradição e a presença dessas Irmandades na formação sócio-cultural da região.
Amplamente ilustrados com fotos dos ritos, festejos e comemorações, os dois livros coroam o esforço da política cultural do Governo baiano de valorizar expressões identitárias marcantes nas várias regiões culturais do estado. As manifestações religiosas da Boa Morte e a Festa D´Ajuda são oficialmente reconhecidas como patrimônio imaterial da Bahia, e por isso, são consideradas como bens culturais que merecem o amparo de políticas públicas de proteção e salvaguarda.
BOA MORTE
Tradição bicentenária, a devoção de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira é um raro exemplo de sincretrismo religioso e ao mesmo tempo uma contundente manifestação de força da “mariolatria” do catolicismo brasileiro. Gênero, raça e religião se entrelaçam nessa instituição cuja origem remonta ao escravismo e atrai para a região nos festejos de agosto, cada vez mais gente interessada em conhecer a beleza dos ritos afro-barrocos dessas senhoras que mantêm viva uma tradição singular do Brasil.
AJUDA
Venerada na singela Capela do século XVI, sítio onde se originou a cidade de Cachoeira, Nossa Senha D´Ajuda caiu na graça do povo e é a mais popular devoção mariana local. Os festejos de novembro mobilizam toda população, especialmente os mais humildes, em alegres cortejos de um “carnaval” levado por instrumentos de sopro e percussão nos “embalos” contagiantes que animam a cidade durante semanas.
Cachoeira, importante centro econômico, administrativo e cultural do Recôncavo nos séculos iniciais de formação do Brasil, é também, capital religiosa da região, com o maior número de devoções marianas de toda a região, acolhidas por vários segmentos sociais, inclusive, o povo de santo, como é chamado o adepto das religiões de matriz africana.
“Esses dois livros ressaltam a presença marcante de Maria na formação religiosa da Bahia, historiando a sua chegada com os colonizadores, a sua acolhida pelos locais e trazidos para cá, a sua apropriação pelo povo e sua inserção no universo sócio-cultural do Recôncavo. Pretendo, continuar recolhendo material parta o estudo das outras sete devoções locais, buscando não só valorizar esse patrimônio como revelar tornar conhecido esse vivo santuário mariano com características nitidamente afro-brasileiras”, diz Gustavo Falcón.