A reunião do primeiro escalão do governo convocada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana contou com a participação de um parlamentar crítico às urnas eletrônicas e serviu para o chefe do Executivo reforçar os ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) —postura que recebeu apoio de ministros.
Para reforçar o discurso contra o sistema de votação, o encontro ocorrido na última terça-feira (5) no Palácio do Planalto contou com uma fala do deputado Filipe Barros (PL-PR), que relatou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso na Câmara.
O parlamentar apresentou supostas fragilidades do sistema de votação e repetiu teses que foram desmentidas pelo TSE no passado. O tema, aliás, já rendeu a abertura de inquérito contra o parlamentar e o presidente por vazamento de dados sigilosos durante uma entrevista em agosto do ano passado.
Segundo relatos, ele foi convidado pelo próprio presidente para participar da reunião ministerial —o último encontro do tipo ocorreu há meses.
Em seus discursos, Bolsonaro recorreu a fórmulas que já usa publicamente no sentido de questionar o sistema eletrônico de votação. Ele voltou a repetir que teme que haja uma espécie de complô contra si, segundo disseram à Folha pessoas que acompanharam o encontro.
O chefe do Executivo disse ainda que pode até perder a eleição em uma democracia, mas que não poderia perder a democracia numa eleição. E alegou que não pode participar de uma disputa com ela já perdida, cobrando para que as eleições sejam, nas suas palavras, “limpas”.
As pesquisas de intenção de voto dão ampla margem de vantagem para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último Datafolha, Lula aparece 19 pontos à frente de Bolsonaro.
Bolsonaro tem condicionado, em suas declarações públicas, a legitimidade das eleições ao TSE acatar sugestões das Forças Armadas, que participam da comissão de transparência da corte.
Na reunião, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, falou sobre as propostas feitas ao TSE. Ele disse que vai cobrar uma espécie de cronograma para que o tribunal responda os questionamentos que, segundo ele, ainda não tiveram retorno.