VOTO
Muito oportunamente, o jornalista Carlos Lindenberg chama atenção para discurso do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, no qual ele lembra que o instrumento principal, maior, de sustentação da democracia é o voto e não o concurso público. Um recado direto para procuradores federais, como Deltan Dallagnol, e o próprio juiz Sérgio Moro, que não se contentam em julgar. Se acham donos do Brasil e querem também desempenhar funções que a Constituição reserva como exclusivas dos poderes Legislativo e Executivo.
CERCO
Com a aproximação da decisão, pelo juiz Sérgio Moro, do processo envolvendo Lula, a mídia conservadora, comercial, aperta o cerco, com a massificação de notícias manipuladas que dão o ex-presidente como culpado e condenado. Na quarta-feira, até Ricardo Boechat, tido como representante de uma direita leve, moderada, estava soltando os cachorros. Perdeu a linha. Bateu até na Comissão de Direitos Humanos da ONU.
PREPARAÇÃO
Está claro. O recrudescimento dos ataques implacáveis da mídia comercial contra Lula tem o objetivo de criar um clima na sociedade capaz de facilitar uma possível arbitrariedade na decisão do julgamento na Lava Jato. Mesmo sem nenhuma prova material, a imprensa apresenta o ex-presidente como culpado. Descaradamente. Pura manipulação da opinião pública.
NOJEIRA
A massificação e espetacularização das imagens das delações premiadas do publicitário João Santana e da mulher, Mônica Moura, apresentadas como verdades incontestáveis, desnudam a face de um Brasil que se desvirtua cada vez mais dos princípios da ética e da transparência. Obviamente, também se distancia do Estado de direito. Acusações de réus desesperados em salvar a própria pele, tornam-se provas materiais. Vale tudo para derrubar o alvo, no caso o ex-presidente Lula, líder isolado nas pesquisas.
CAGUETAGEM
É triste conceber uma nação que, sob o argumento de “combater a corrupção” e “defender os interesses do povo”, adota a delação como princípio. A exceção não pode se tornar regra. A figura do “dedo duro”, do “entregão”, do alcaguete, ou caguete, como autoriza a gramática, é própria dos regimes autoritários, onde os fiscais de quarteirão desempenham papel fundamental na manutenção do sistema despótico. É o Brasil pós golpe.