A primeira fase da Operação Élpis, deflagrada na manhã desta segunda-feira (24), resultou na prisão de um suspeito das mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, no Rio de Janeiro. A prisão foi de um bombeiro, identificado como Maxwell Simões Correa.
Segundo informações inciais da Polícia Federal, divulgadas pelo jornal O Globo, foi cumprido um mandado de prisão preventiva. Os agentes, que apuram o duplo homicídio, ainda devem cumprir sete mandados de busca na cidade do Rio e na Região Metropolitana.
A vereadora Marielle Franco, eleita no pleito de 2016, no Rio de Janeiro, foi morta a tiros, em 14 de maço de 2018, depois de deixar um encontro de mulheres negras, no bairro da Lapa, na capital fluminense. A política de 38 anos teve o carro interceptado e alvejado, por volta das 21h30, no bairro Estácio. O motorista Anderson Gomes também foi atingido pelos disparos e ambos não resistiram aos ferimentos.
Conheça o ex-bombeiro preso por envolvimento no assassinato de Marielle
O ex-bombeiro Maxwell Simões Correa foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (27), durante a primeira fase da Operação Élpis, que investiga os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.
Conhecido como Suel, o suspeito foi expulso do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, em maio de 2022 depois que ele foi condenado por tentar atrapalhar as investigações sobre o caso.
Ainda no ano passado, Maxwell havia sido preso com outras 11 pessoas por integrar uma organização criminosa de jogos de azar no Rio de Janeiro. O ex-bombeiro atuava no esquema ilegal com Ronnie Lessa, acusado pelas mortes de Marielle e Anderson.
Maxwell já havia sido condenado, em fevereiro de 2021, pelo Tribunal de Justiça a quatro anos por obstrução. Ele respondia em regime aberto. Na época, foi determinado que ele prestasse serviços à comunidade.
“Verifico que a motivação do crime consistia em ludibriar a justiça na investigação acerca de uma organização criminosa que teria envolvimento com a morte da parlamentar Marielle Franco e seu motorista, um crime gravíssimo contra a vida e, principalmente, contra o próprio Estado Democrático de Direito”, diz a decisão judicial da 19ª Vara Criminal.
O ex-bombeiro teria ajudado a esconder as armas usadas na morte de Marielle e Anderson. O armamento era de uso restrito e pertenciam a Ronnie Lessa e foi encontrado em um apartamento usado pelo ex-policial após a morte da vereadora.
De acordo com as investigações, Maxwell cedeu seu próprio veículo para guardar as armas de Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, o que foi feito para que, em seguida, essas armas fossem descartadas no mar.
Cronologia do caso
- 14 de março de 2018: Marielle Franco e Anderson Gomes são assassinados.
- 15 de março de 2018: Giniton Lages assume a Delegacia de Homicídios do Rio e o caso.
- 21 de março de 2018: O MPRJ escolhe um grupo de promotores para a apuração do crime.
- 01 de setembro de 2018: Entra no caso o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). Acontece a primeira troca de promotores do MPRJ.
- 25 de setembro de 2018: Orlando Curicica, encarcerado no Presídio Federal de Mossoró por crimes ligados à milícia, menciona o ‘Escritório do Crime’ para os investigadores. Uma testemunha cita o vereador Marcello Siciliano por suposto envolvimento na morte de Marielle. Siciliano foi preso, mas o envolvimento dele foi descartado depois.
- 11 de outubro de 2018: Investigações do MPRJ identificam biotipo do executor do crime e rastreiam novos locais por onde circulou o carro usado no crime.
- 11 de março de 2019: A primeira fase de investigações é encerrada. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são denunciados por homicídio doloso.
- 12 de março de 2019: Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa são presos no Rio de Janeiro.
- 25 de março de 2019: Giniton Lages é substituído por Daniel Rosa na Delegacia de Homicídios do Rio.
- 23 de maio de 2019: Polícia Federal aponta que foram dados depoimentos falsos para dificultar a solução dos homicídios.
- 11 de setembro de 2019: A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pede a federalização das investigações.
- 10 de março de 2020: Justiça do Rio determina que Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz sejam levados a júri popular.
- 27 de maio de 2020: Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega a federalização das investigações.
- 17 de setembro de 2020: Delegado Daniel Rosa deixa o caso. Moisés Santana assume o lugar dele.
- 05 de julho de 2021: Terceira troca na Delegacia de Homicídios: sai Moisés Santana, entra Edson Henrique Damasceno.
- 02 de fevereiro de 2022: Quarta troca: Edson Henrique Damasceno é substituído por Alexandre Herdy.
- 30 de agosto de 2022: Supremo Tribunal Federal (STF) nega recursos das defesas de Ronnie Lessa e Élcio Vieira, e mantém decisão sobre júri popular.
- 22 de fevereiro de 2023: O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anuncia abertura de inquérito da Polícia Federal para investigar assassinatos.
- 04 de março de 2023: MP do Rio define novos promotores do caso Marielle Franco.