Camilla Souza
A Usina Hidrelétrica de Pedra do Cavalo realizou na manhã deste domingo (09) o Exercício Prático de Simulado de Emergência. A ação faz parte do Plano de Ação de Emergência (PAE), prevista na Lei Federal 12.334/2010, e contou com a parceria das Defesas Civis dos municípios de Cachoeira, São Félix e Maragogipe.
O principal objetivo do simulado foi orientar e capacitar a população sobre como agir em uma eventual situação de emergência. A equipe técnica garante que a Usina Pedra do Cavalo está em condições seguras, e é monitorada 24h por dia. “A população pode ficar tranquila, pois a barragem está segura e atende todos os critérios de segurança e normas vigentes”, afirmou o gerente de Operações Dejair Lima.
Por volta das 9h, a equipe técnica da Usina Hidrelétrica, agentes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil do Estado e dos municípios envolvidos, reuniram-se no Posto de Comando, na Faculdade Adventista da Bahia, para discutir os últimos pontos para a realização do simulado, além de monitorar toda a atividade.
Mais de 100 profissionais participaram diretamente da ação, entre empregados da usina, órgãos de segurança e defesas civis. Os prefeitos de São Félix, Alex Sandro Aleluia e de Cachoeira, Eliana Gonzaga, participaram da ação.
Para o prefeito Alex, a ação é de grande importância. “Eu tenho dito que essa ação já deveria ter acontecido há muito tempo, mas felizmente está acontecendo. O gestor ressaltou que o município deu todo o apoio para a realização do simulado. “Nós temos no município a Defesa Civil, a Guarda Municipal, que têm participado de todas as construções, reuniões, e hoje toda a equipe está participando, dando todo o suporte”, concluiu.
O Simulado
O exercício começou às 10h com a seguinte mensagem começou a circular “Atenção, atenção! Este é somente um simulado de situação emergencial na barragem. Pedimos que paralisem suas atividades com segurança e dirijam-se para os pontos de encontro com tranquilidade” e, logo após, as sirenes começaram a tocar simultaneamente nas três cidades.
A partir daí, a população situada nas zonas de “autossalvamento” foi orientada a parar suas atividades e seguir para os pontos de encontros mais próximos. Ao todo, 27 pontos de encontro foram mapeados.
Ao chegar nos pontos de encontro, os moradores foram recepcionados por agentes a serviço da Usina, e realizaram cadastro informando nome completo, local onde moram e o tempo que levaram para chegar ao ponto. Essas informações servirão para o aperfeiçoamento do Plano de Ação Emergencial.
Balanço da atividade
Após 1h30 do início do simulado, o corpo técnico e agentes de segurança que acompanharam a ação do Posto de Comando, fizeram um balanço do exercício.
Para o Chefe da Defesa Civil de Cachoeira, o balanço foi positivo. “Foi um aprendizado para todos nós. Pudemos conscientizar toda essa microrregião e aprender com toda a população”.

Além de mobilizar os moradores a participar, os agentes desafios precisaram encarar outro desafio: a disseminação de notícias falsas sobre a situação da barragem e o simulado. “Travamos uma grande batalha contra as fake news, mas conseguimos conscientizar as pessoas a participar e saber o que fazer para salvar a própria vida em uma situação de emergência”, afirmou o Coordenador da Defesa Civil de Maragogipe, Carlos Francisco Costa.
Uma das principais falhas apontadas após o simulado foi o fato de algumas sirenes não terem disparado. O gerente de Operações, Dejair Lima, garantiu que a Votorantim Cimentos entrará em contato com a empresa responsável para solucionar o problema.

Moradores também relataram a falta de maiores informações ao chegarem nos pontos de encontro, além da falta de estruturas como cadeiras e atendimento em saúde para pessoas que precisassem de algum atendimento emergencial após o deslocamento. Pessoas questionaram ainda a não interdição de alguns trechos, como a BA-420, e a exposição a riscos de atropelamento, porque os veículos circulavam em alta velocidade.
Lima reforçou a importância dos relatos do que não funcionou e do que precisa ser melhorado para constante atualização do PAE. “Estamos trabalhando desde 2017 na construção desse plano, que é um plano vivo, está em constante elaboração. Todas essas falhas serão revistas com atenção para os próximos simulados, para que aconteçam da melhor forma”, concluiu.
Sobre a Política Nacional de Segurança de Barragens
A Política Nacional de Segurança de Barragens foi instituída pela Lei Federal 12.334/2010, alterada pela Lei 14.066/2020, e prevê, entre outras normativas, a elaboração de um Plano de Ação de Emergência, obrigatório para todas as represas de alto e de médio dano potencial associado ou de alto risco, a critério do órgão fiscalizador. (Fonte: Agência Senado). A Lei, apresentada pela Senadora Leila Barros (PSB-DF), foi uma consequência do rompimentos da Barragem da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, que deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.
Os simulados estão previstos no PAE, e devem acontecer em intervalos determinados. No caso da Barragem de Pedra do Cavalo, há uma estimativa de que o próximo simulado aconteça daqui a dois ou três anos.
A empresa que descumprir alguma norma da nova PNSB está sujeita a multas entre outras penalidades, como processo penal para reparação de danos, embargo de obras e atividades, até sanções restritivas de direitos.