Polícia Civil prende mais de 30 suspeitos em ação contra avanço do Comando Vermelho na Bahia

Mais de 30 suspeitos ligados ao Comando Vermelho (CV) foram presos, na manhã desta terça-feira (4), durante a Operação Freedom, deflagrada pela Polícia Civil da Bahia para desarticular o núcleo armado e financeiro da facção criminosa carioca que atua no Estado. A ação, realizada simultaneamente no Ceará e em diferentes regiões baianas, cumpre mais de 90 mandados judiciais expedidos pela Justiça.

A deflagração da operação coincide com o anúncio de um conjunto de novos investimentos em segurança pública feito pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) nesta terça-feira. Além disso, acontece uma semana depois da megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou em 121 mortes — entre eles, 12 baianos ligados ao CV.

Prisões e bloqueio de contas ligadas à facção

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), 33 pessoas foram presas na Bahia e duas no Ceará. Entre os detidos está um baiano apontado como chefe da facção em Salvador, preso na cidade de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. A companheira dele, responsável pelo controle financeiro das operações criminosas, também foi capturada.

Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em bairros de Salvador, como Liberdade, Uruguai, Pernambués, Narandiba e Areia Branca, além dos municípios de Aratuípe e Ilhéus. Houve também ações em unidades prisionais e no interior da Bahia. A Justiça determinou ainda o bloqueio de 51 contas bancárias ligadas à facção.

A Operação Freedom é coordenada pelo DHPP e conta com o apoio de diversos órgãos, entre eles a Superintendência de Inteligência da SSP-BA, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) e o Departamento de Inteligência Policial (DIP). Participam também os departamentos Draco, Denarc, Deic, Depom, Depin, DPMCV, além da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) e da Coordenação de Polícia Interestadual (Polinter).

Mais de 400 agentes civis e militares estão mobilizados. A Polícia Militar atua com efetivos do Bope, BPatamo, BPChoque, Batalhão Gêmeos, Apolo, TOR, Esquadrão Águia, Cipe/Polo e das Rondesp Central, Atlântico e BTS, com apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-BA) e do Denarc do Ceará.

Operação Freedom mira núcleo armado e financeiro da facção na Bahia

A operação ocorre uma semana após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou 121 mortos entre eles, 12 baianos identificados pela Polícia Civil fluminense. De acordo com as autoridades do Rio, 95% dos mortos tinham ligação direta com o Comando Vermelho, que mantém ramificações em 11 estados brasileiros e estrutura de comando interestadual.

Na Bahia, a Freedom tem como principal meta enfraquecer a atuação do grupo, apreendendo armas, bens e recursos financeiros usados para o tráfico de drogas e a prática de homicídios. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estima que os resultados da operação possam contribuir para elucidar ao menos 30 assassinatos ocorridos em Salvador e região metropolitana.

Operação coincide com novos investimentos em segurança anunciados pelo governo

A deflagração da Operação Freedom acontece no mesmo dia em que o governador Jerônimo Rodrigues anunciou um conjunto de medidas e investimentos para fortalecer a segurança pública na Bahia. Durante cerimônia realizada no Centro de Operações e Inteligência (COI), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), Jerônimo apresentou um pacote de ações voltadas ao aprimoramento da inteligência policial, além de entrega de viaturas e equipamentos, e convocação e formatura de novos policiais civis, militares e técnicos.

Entre os anúncios estão novos concursos públicos, entregas de drones, notebooks e materiais de salvamento, beneficiando as polícias Civil, Militar e Técnica, além do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. O objetivo, segundo o governo, é ampliar a capacidade de resposta das forças de segurança diante do avanço das organizações criminosas e das novas dinâmicas do tráfico interestadual.

Contexto nacional e articulação entre estados

A ofensiva na Bahia reflete a ampliação das ações de combate ao Comando Vermelho, uma das facções mais antigas e influentes do país, presente em 25 estados, incluindo a Bahia. O grupo, segundo levantamentos da Polícia Civil do Rio, mantém bases operacionais em diferentes estados, com chefes e líderes atuando de forma descentralizada. A estrutura é utilizada para treinamento, coordenação de ataques e movimentação de recursos ilícitos.

Após os confrontos no Rio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), desembarcou na capital fluminense para acompanhar as investigações e determinou a preservação de todos os elementos materiais relacionados à operação, cobrando transparência e responsabilidade institucional das forças de segurança.

Com a Freedom, as autoridades baianas buscam interromper o elo financeiro entre os núcleos do Comando Vermelho no Sudeste e no Nordeste, atingindo lideranças locais e regionais. As investigações apontam que o grupo vinha expandindo o tráfico de drogas e consolidando o domínio de áreas em Salvador e municípios do interior. A operação segue em andamento e novas prisões não estão descartadas.

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